Qualidades do Treinador Metacompetente

O Treinador

Por Sérgio Raimundo


Um treinador de futebol deve ser metacompetente, ou seja, deve saber reconhecer os problemas científicos e morais – nas situações de gestão de recursos humanos, treinamento e competição, e singularizar-se pelas seguintes competências, descritas abaixo:
 

 
Treinador Metacompetente
 
TREINADOR METACOMPETENTE (adaptado de Sérgio, 2015)


CAMPO DOS CONHECIMENTOS

– Autoconhecimento, para um autoconceito realista das suas qualidades e limitações, tendo em conta a dimensão interpessoal, isto é, a dimensão que promove a comunicação que ocorre entre duas ou mais pessoas e pode levar a, por exemplo, resolução efetiva de problemas com ou dentro do grupo de trabalho. 
– Reflexão epistemológica, que inclui o conhecimento da cientificidade do futebol, como a área das ciências humanas e onde a base do jogo é o jogador. É necessário conhecer o homem primeiro (a parte humana) para se entender o jogador. 

– Capacidade de escolher o que é realmente importante e eficaz para o seu clube e grupo de trabalho, entre tanta informação e possibilidades disponíveis. Saber extenso do futebol, resultante de prática, como treinador (e teoria) assídua e rigorosa (quem não pratica como treinador, não sabe) mas sem nunca esquecer-se que só sabe de futebol, quem sabe mais do que apenas de futebol. Ou seja, o “desporto” rei não é uma atividade física tão-só, é uma atividade humana e o humano está, nele, em toda a sua complexidade. Albert Camus referiu: “Tudo o que sei da vida foi o futebol que me ensinou”. 

– Percepção do futebol e do esporte como uma atividade humana, profundamente consciente e não como simples atividade física tão-só, pois que é o humano, na sua complexidade, que se movimenta em qualquer modalidade esportiva. O físico-biológico está no humano – integral e superado! No futebol, o método a utilizar é o complexo e, por isso, nele, o científico não é só o quantificável, é qualitativo também, designadamente, social, emocional e mental.


CAMPO DOS VALORES

– A moral, sem moralismos, como estrutura de vida, de modo a fazer admirar-se pelo departamento de futebol.

– É preciso ultrapassar a concepção platônica de virtude e saber agir de acordo com valores humanizantes (o ser humano é o sujeito da história).

– Realcemos, entre os valores necessários: 
.Para os treinadores – liderança, capacidade de motivar; 
.Para os jogadores – solidariedade e generosidade. Todos devem preparar-se para integrar a mesma equipe intencionado funcionar no mesmo sistema com os mesmos objetivos de grupo e diferentes objetivos e tarefas individuais.


CAMPO DA AÇÃO

– Competência de aprendizagem: quem não sabe e quem não quer aprender, não sabe ensinar.

– Competência de raciocínio: capacidade de pensar com lógica, de criar e testar hipóteses.

– Competência metodológica: onde a explicação e a compreensão sejam conectados e tentando, por isso, ultrapassar qualquer tipo de dualismo, incluindo a dicotomia do todo e das partes.

– Competência comunicativa: não há liderança nem resolução de problemas em grupo, sem comunicação.
 


Bibliografia


SÉRGIO, M. FUTEBOL – Ciência e Consciência. Lisboa: Prime Books & AF Porto, 2016.

SÉRGIO, M. O Futebol e Eu. Lisboa: Manuel Sérgio e Prime Books, 2015.
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