O Cérebro e o Jogo
Tomada de Decisão
Por Sérgio Raimundo
A neurociência diz-nos que para tomar decisões em situações de estresse, o cérebro escolhe o caminho mais fácil (aquele que demora menos tempo e consume menos energia) e opta pela rotina. Não há tempo para aprender ou pensar, é tempo para atuar!
Há muitas situações de estresse durante um jogo, em que não há tempo para repetir ações para as corrigir. Tudo acontece em tempo real e as respostas dos jogadores nos noventa minutos são únicas, irrepetíveis e tomadas em função da posição da bola, dos adversários, dos companheiros de equipa, do momento do jogo (tempo, resultado, etc.) e das condições em que o jogo decorre (estádio, importância do jogo, clima, etc.)
O corpo é a ferramenta que dá resposta às escolhas do nosso cérebro (por intuição, racionalização, ou ambos). Embora pareça algo oculto, a intuição é apenas a combinação entre experiências passadas e os valores pessoais de quem toma as decisões. É utilizada quando não temos tempo para raciocinar e temos que dar respostas rápidas. Já a racionalização depende da forma do jogador pensar, pode ser colaborativa (ouve diferentes pontos de vista no campo ou intervalo) ou especializada (dependente da experiência do jogador).
O exame é o jogo. As rotinas de jogo (tática), os movimentos realizados pelo corpo (técnica), a intuição e a racionalização (cultura e experiências do passado), a própria equipa estrutura do clube, família, envolvimento (social) são fatores determinantes no desempenho do jogador e da equipa.
A beleza do futebol está em que, a melhor tática, melhor técnica, melhor cultura, maior experiência e o melhor grupo, podem, ainda assim, perder um jogo.